domingo, 27 de março de 2011


"Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.
Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.

Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.

Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo. Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus.
Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.
Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando…”

Autor desconhecido, se alguém souber, por favor me comunique.


domingo, 20 de março de 2011

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do

sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,

regular como um paradigma da 1ª conjunção.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,

ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito

assindético de nos torturar com um aposto.

Casou com uma regência.

Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome.

E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os EUA.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,

conectivos e agentes da passiva o tempo todo.

Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.


Paulo Leminski

quarta-feira, 2 de março de 2011


Uma lenda sôbre a beleza

Certa vez, por um triste capricho da Fatalidade, o poder do mundo foi cair nas mãos odientas da Vulgaridade. Que fez a Vulgaridade ao subir ao trono? Resolveu destruir e aniquilar a sua perigosa

rival - a Beleza. Chamando o Tédio, seu servo predileto, disse-lhe a execrável soberana:

- Detesto a Beleza! Quero fazê-la desaparecer da face da terra. Tens ordem para prendê-la e matá-la de qualquer modo.

O Tédio respondeu:

- Escuto e obedeço, senhora! Mas, afinal, como é a Beleza? Como poderei encontrá-la, se não a conheço?

- Ora, nada mais simples - tornou a Vulgaridade. - Interroga um poeta qualquer e logo saberás

como é a Beleza.

Partiu o Tédio. Encontrando um poeta interpelou-o:

- Como é a Beleza?

Sem hesitar, respondeu o poeta:

- Ainda ignoras? A Beleza é loura, de olhos azuis da côr do céu; sua pele? É clara e rosada, as suas mãos...

- Basta! Tudo o mais que disseres seria fastidioso e inútil. Já sei bem como é a Beleza - Vou descobri-la por mas oculta que esteja.

E o Tédio partiu em busca da Beleza.... Depois de muito caminhar, chegou aos país de Moab, para além do grande deserto. Um camponês repousava sob uma árvore.

- Terás visto, por aqui - perguntou o Tédio - a Beleza que procuro?

- Queres descobrir a Beleza! - exclamou o camponês. Ei-la precisamente ali, ó forasteiro!

E apontou na direção de uma jovem que se encaminhava para a ponte, levando ao ombro um pequeno cântaro. O Tédio procurou certificar-se. A graciosa rapariga era morena, de olhos verdes e cabelos castanhos como as filhas de Judá! Mas como diferia da que fora descrita pelo poeta!

Não, não podia ser a Beleza!

- A Beleza fugiu para a China! - informou um peregrino.

Seguiu o Tédio para a China e indagou de um rico mandarim que soltava papagaios de sêda:

- Senhor! Teria a Beleza aparecido em vossa terra?

- Apareceu, sim - replicou, alegre, o mandarim.

- Ei-la! E com o seu dedo de unha longa e angulada, apontou para uma rapariga ocupada em fabricar lanternas de papel. O escravo da Vulgaridade preparou-se para executar a ordem que recebera.

Enganara-se, porém, o informante. A jovem que o mandarim indicara era pálida, esguia, tinha os olhos amendoados, os cabelos negros e ondulados. Não; aquela não podia ser a Beleza! O Tédio deixou o país dos chins e foi em busca de outros climas. Diante dele a Beleza fugia sempre, ocultando-se astuciosamente. Todo o seu esforço tornou-se inútil. Não conseguiu encontrar e

destruir a Beleza!

- Eis porque a Beleza floresce e domina, sob aspectos tão diversos, quando a observamos,

nos incontestáveis recantos e países do mundo. Aqui é morena e tem olhos negros, mais adiante é loura de claros olhos de anil. Aqui é viva e alegre, para, além, surgir sentimental e terna! É que a Beleza, para fugir do mal do Tédio e ao perigo da Vulgaridade, varia sempre e sem cessar.


(Malba Tahan)