domingo, 29 de maio de 2011

As analises de Stephen Kanitz

O consultor de empresas e conferencista Stephen Kanitz é mestre em administração de empresas pela conceituada Universidade Harvard e atualmente é articulista da Revista Veja e arbitro da Bovespa. Stephen Kanitz é criador da Edição Melhores e Maiores da Revista Exame, criador e organizador do Prêmio Beneficente e ex-comentarista econômico da TV Cultura de São Paulo, articulista da Seção Ponto de Vista da Revisa Veja, desde 1998. Kanitz analisa a sociedade e suas condutas, empregando com clareza as idéias e argumentos, que são requintados ao bom gosto da linguagem utilizada por ele.

Autor do artigo “Revolucione a Sala de Aula”, publicado em 18 de outubro de 2000, na Revista Veja, Kanitz utiliza argumentos para expor a forma arcaica que as escolas utilizam para educar os alunos, porém defende a importância do professor na sociedade, pois segundo ele, são responsáveis pelo futuro da nação.

No Brasil, o sistema educacional é baseado na “titúlocracia”, valoriza-se mais os títulos do que o educador em si, este conflito de valores ocasiona na formação de intelectuais passivos, que recebem o conhecimento sem questionar e assimilar a questão e não sabem estabelecer parâmetros de comparação com argumentos plausíveis, saindo da teoria e solucionando realmente o problema.

Segundo Kanitz, o ensino no Brasil é formado por perguntas prontas e definidas, sem exigir do aluno um questionamento aprofundado do problema, em seu texto “Qual é o problema?”, publicado na Revista Veja em 30 de março de 2005, Kanitz afirma que este tipo de questionamento pronto é mais fácil para o professor e para o aluno, pois ambos ficam em situação de conforto, o professor na posição de sábio e intelectual e o aluno permanece acomodado sem precisar pensar além do necessário.

Fora do ambiente escolar o método de perguntas e respostas não é o suficiente para alcançar sucesso, pois é necessário descobrir as perguntas para que elas sejam respondidas. Os melhores profissionais são aqueles que sabem formular bons questionamentos e principalmente estão sempre buscando se aprofundar e aprender mais sobre todos os assuntos.

Em seu artigo crítico “O poder da validação”, publicado na Revista Veja, em 20 de junho de 2001, Stephen Kanitz afirma que passamos muito tempo valorizando o que não gostamos e nos esquecemos do que é importante, assim como citado por ele: “Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos”. No sistema educacional brasileiro uma grande parcela dos professores estão preocupados em se enaltecer que esquecem que educar exige humildade e compreensão. Todo ser humano é inseguro por natureza, e louvar a si mesmo ajuda a aumentar a auto-estima e diminuir a insegurança.

Por isso, segurança é algo temporário, pois depende dos outros e não somente de cada individuo, para se sentir seguro é necessário que as pessoas se validem, ou seja, confirmar que elas existem e que tem valor diante da sociedade, e dizer aos próximos à importância que eles têm, e dizer quão especial eles são.

Os professores que desenvolvem o hábito de validar seus alunos, elogiando, sorrindo, aceitando a forma como eles são, conseguem mudar a conduta dos estudantes, pois eles se sentem seguros e acreditam em si mesmos. A falta de validação gera uma sociedade mais consumista e individualista, “criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser” afirma Stephen Kanitz.

De um modo geral, Stephen Kanitz analisa a sociedade, expondo de maneira concisa os problemas da mesma, em seus artigos Kanitz buscar prender a atenção do leitor com uma linguagem simples e idéias bem elaboradas, sempre reportando os problemas ás soluções, e indicando condutas sociais que devem ser mudadas. Stephen Kanitz lembra que o importante da vida são, indiscutivelmente, as pessoas.

Zara Abrahão Ramos

Referências Bibliográficas:

Kanitz, Stephen. Revolucione a sala de aula, Revista Veja, São Paulo, ano 33, nº 42, p. 23, de 18 outubro de 2000.

Kanitz, Stephen. Qual é o problema. Revista Veja, São Paulo, ano 38, nº 13, p. 18, de 30 Março de 2005.

Kanitz, Stephen. O poder da validação. Revista Veja, São Paulo, ano 34, nº 24, p. 22, 20 de Junho de 2001.

Webgrafia:

Kanitz, Stephen. “Currículo”. Disponível em <http://www.kanitz.com/bio_kanitz.htm>. Acesso em 17 de Maio de 2011.

sábado, 14 de maio de 2011

O poder da validação


Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super-confiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho.

Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça que já tenha sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator se relaxa e parte tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada novo artigo que escrevo, e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.

Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros. Trabalharíamos menos, curtiríamos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir esta insegurança?

Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.

Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.

Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos, não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.

Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a nossa própria insegurança, que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo", que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.

Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se, ou dominar os outros em busca de poder.

Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".

Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja.

Stephen Kanitz

Artigo publicado na Revista Veja, edição 1705, ano 34, nº 24, 20 de junho de 2001, pág.22