segunda-feira, 23 de julho de 2012

Série Desfrutando...


Carlos Drummond de Andrade

 Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Um comentário:

  1. A lingua portuguesa nos faz pensar em seus arranjos. O presente do modo temporal, também nos é o agrado que se recebe de alguém. Acreditar que o tempo será nosso aliado é apenas um ponto de vista. Para alguns o tic tac é lento, sorrateiro e para outros passa como um flash, um piscar de olhos...
    Não diferente e talvez por isso mesmo devemos aproveitar o presente! Do ponto de vista temporal e também como uma graça Divina!
    Bjjs
    Seu Poeta de Plantão.
    Júlio Reis.

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